O futebol sub-20 apresenta identidades interessantes.
Dentro da perspectiva do futebol profissional, entregue ao mercado de fluxos financeiros, vinte anos é a idade limite para o futebol nacional, para o futebol praticado em casa. Nesta reunião de 506 meninos jogadores de futebol conheceremos diferentes formas de se jogar. Cada canto com o que tem de particular, de peculiar. Segredos. Diferente do que assistiremos em 2014. Um torneio já europeu, globalizado e centralizado pelo mercado, com um futebol mais homogêneo entre todas as seleções, posto que a grande maioria trabalha e mora dentro do mesmo centro, União Européia. Com o Mundial sub-20 temos a última chance de presenciar a produção, ainda nacional, do futebol. Uma pequena ressalva é válida para darmos conta de que o nacional de hoje implica numa mistura estrangeira, no espelho Real Madrid e Barcelona, na confluência de futebol de rua, fazenda e várzea com internet e Cristiano Ronaldo.
A seleção Brasileira sub-20, salvo Philipe Coutinho atuante no futebol italiano já há um ano, é toda formada pela base de casa, é de cotia, é da baixada santista, da gávea, das bases gaúchas... são meninos ainda brasileiros, já longe de suas famílias por um bom tempo, imagino, mas ainda meninos que brincam na mesma língua. (reportagem sobre o futebol sub-15 brasileiro, profissionalismo e adolescência: http://globoesporte.globo.com/futebol/noticia/2011/07/acabou-brincadeira-aos-15-anos-atletas-tratam-futebol-como-profissao.html ) Na última convocação de Mano encontramos apenas oito atletas que estão no futebol brasileiro, sendo dois deles, os principais moleques do título sulamericano da categoria sub-20, Neymar e Lucas. Para alimentar nossa teoria de que vamos assistir ao limite do futebol caseiro, observaremos uma Espanha de espanhóis, garotos do barça, do real, do sul da Espanha... teremos ingleses de diversos times e divisões de toda Inglaterra, teremos guatemaltecos, neozelandeses, nortecoreanos, estes os atuais campeões da ásia e com o melhor jogador do torneio, o camisa 9. Teremos muito do mundo todo e cada um representando realmente o que é o futebol de criança evoluído em cada país. Numa rápida pesquisa das esquadras que disputam o torneio, raros são os garotos que atuam fora de seu país. Há também os reflexos mais diretos dos fluxos atuais de imigração: imigrantes camaroneses e malineses jogando pela frança e o seu inverso, franceses, filhos de malineses imigrantes, jogando por Mali, terra de sua família. França, aliás, atual campeã européia e equipe com mais jogadores que já estão fora de seu país (7).
Cerca de las canchas, a Colômbia também recebe uma frota de executivos da bola. Aqueles que no acaricían la pelota como Rincón, mas executam-na. Exploradores anciosos com seus negócios, com seus contatos e contratos, operadores de números esdrúxulos e "atraentes". Não sabemos se por coincidência, mas os periodistas colombianos estão fulos com as dificuldades para os credenciamentos. Estão fulos, pois uns tiveram credenciais canceladas sem explicações, estão fulos pois fotógrafos lidarão com espaços limitados e longe dos gramados para trabalhar... http://globoesporte.globo.com/futebol/mundial-sub-20/noticia/2011/07/jornal-colombiano-destaca-problema-entre-jornalistas-e-fifa.html /coincidência para um trabalho mais tranquilo dos agentes sem chuteira. Claro, o torneio é FIFA, os agentes sem chuteira levam prioridade sobre os agentes de chuteira e suas maravilhas. Que importa a cobertura da imprensa local sobre o torneio que seus estádios sediam, se os principais interessados já estão bem posicionados, com contrato, com gravata e capital?
Fifa à parte, queremos ver em campo o futebol. A arte, a sabedoria do corpo em movimentos complexos de 22. De 11 contra 11. Quem ama futebol tem de conflitar-se, esquecer-se por vezes do que o futebol é, além do que ele é. Queremos ver como os garotos da coréia do norte jogam bola, como? Como os camaroneses estão fazendo? Como a geração uruguaia está envolvendo a todos tendo os profissionais dominando a América e os sub-17 vice do mundo... Como o Brasil joga com seus bons volantes e laterais? Com o que a base espanhola nos brindará? Queremos ver FUTEBOL em campo!
Nesta sexta inicam-se os jogos de futebol, de 11x11.
Vai molecada, brilha!
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